quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A bruxa anda à solta em Joinville!




Comentário sobre o espetáculo “Entre Sonhos e Bruxas”
Trupe Sonora Casa de Orates – Itajaí/SC

O teatro do Sesc-Joinville lotado, na noite de sábado, indicava a expectativa em torno do novo espetáculo da itajaiense Trupe Sonora Casa de Orates, “Cantando Bruxarias”. O nome do grupo, cuja significação é “manicômio” ou “casa de gente maluca”, tem tudo a ver com a proposta apresentada: uma arte integrada entre música, teatro e imagem, uma verdadeira loucura.





Loucura, aliás, é ver a Trupe em ação. O viés principal é a música, mas o elemento teatral do personagem assustador Corcunda, que recebe a platéia com um lampião em meio à bruma, é bastante marcante. Aliás é o Corcunda quem, em latim, dá as boas vindas e apresenta o restante dos “Orates” à platéia. Em palco, o conjunto no geral funciona muito bem, até porque os músicos têm um entrosamento quase mágico.






Os ritmos transitam livremente numa mistura de progressivo, jazz, rock, medieval e MPB, completado pelo figurino medieval, ás vezes clássico e social, sempre bruxulesco. A presença marcante de um “espírito” que vaga, ora entre os músicos, ora entre a platéia, acrescenta ao ambiente uma sensação de mistério e suspense.






O baterista/ator Júlio Mendonça é quem irrompe a parafernália sonora em meio aos acordes de um acordeão, acompanhado pelo violão de Márcio Novaes(back vocals) e do baixo de Darlan Martins, que completam a cozinha. O vocal afinado de Marcelo Azeredo, que também toca Sax, flauta transversa e percussão, encontra na sensualidade da cantora-atriz Siara Bonatti a voz que preenche todo o contexto bruxulesco proposto do show. Quando tudo já parecia estabilizado, os riffs do guitarrista Roberto Rosa, num estilo “The Who”, incendeiam ainda mais os ouvidos da platéia, que a cada música executada, através de aplausos, clamava por mais.






A Casa de Orates nasceu em 2003, na portuária Itajaí, onde a influência de Iemanjá e Ogum (ou algum Exu) certamente inspiraram os letristas a comporem o primeiro CD “O Artesão dos Sonhos” (2007) e seu sucessor “Luaria”, a ser lançado no segundo semestre deste ano. A música dos “Orates” traz a temática das bruxas e faz referências ao folclore e a literatura Ilhoa-Cascaesiana.






O cachimbo da paz aceso pelo “espírito Guarani” parece não incomodar os não-fumantes, que a essas alturas já estão envolvidos pela performance do ator Jonata Gonçalves, cujo palco, naquela noite mística, era toda a sala teatral do Sesc.








A Trupe Sonora Casa de Orates remete, muitas vezes, ao som da setentista "Casa das Máquinas", noutras, ao misticismo da escocesa "Jethro Trull"




Entre poesias e bruxarias mil, a apresentação da banda chega ao final, fazendo com que o relógio do tempo, outrora estático, siga em frente



Rá-tim-bum! A platéia pede bis! Mais magia! 






 Aliás, durante o espetáculo, de relance, é possível sentir a presença do bruxo Franklin, que só não se materializou ali mesmo, naquela noite, naquele palco, porque a lua permaneceu encoberta nos céus da bucólica e chuvosa noite joinvilense.
Sapos, Corujas e Morcegos: Zás-trás!





Naquela noite fria, após entrevistar a trupe - em vídeo a ser postado - roguei uma praga nos camarins, no melhor estilo Zé do Caixão, para que o grupo retornasse a Joinville. Plunc-plact-zum, Ráááááááá!!!!!!


Texto e fotos: James Klaus

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