domingo, 25 de setembro de 2011

Tatuagens dominam corpos e mentes femininas

O desenho em pele é uma técnica milenar que possui muitas adeptas em Joinville. De variadas idades, elas somam cerca de 70% da clientela nos estúdios de tatuagem. A maior parte tem entre 16 e 30 anos e não consegue parar depois de provar a tinta. Inspiradas por motivos íntimos e subjetivos, elas abriram uma nova forma de pensamento em sua geração, confrontando os antigos tabus e a ideia da marginalização.

Há 10 anos, eram cinco estúdios de tatuagem quando Márcio Ferreira, 42, começou a tatuar na Galeria Marcos Grossembacher, no Centro. Agora, fala impressionado sobre como o mercado cresceu para 12 estabelecimentos, apenas no Centro, praticamente um novo por ano. Isso é explicado pelo aumento da procura por esse tipo de procedimento estético, o qual é dominado pelo sexo feminino.

Atraídas pela questão estética, elas escolhem tatuagens de borboletas, flores, escritos ou estrelas. São os chamados desenhos comerciais que tornam tatuar um trabalho rentável, com elas retornando numa média de três a quatro meses para as gotas de tinta. Há, também, aquelas que fazem algo diferente e subjetivo. “Tem as mais ousadinhas, algumas escondem, outras ainda fazem por fetiche”, esclarece Márcio.

Inspirada pela paixão e delicadeza que a rosa transmite, Débora dos Santos, 22, escolheu esse desenho porque desejava uma tatuagem e queria algo “deslumbrante”. Com 18 anos na época, não teve apoio da família no valor de R$ 90 da diferenciação do braço. “Quando cheguei em casa, minha mãe morreu de inveja, mas meu pai não gostou muito”, comenta rindo. Na opinião de Débora, que tem planos de várias outras tattoos, as mulheres ousam cada vez mais, mas ainda procuram os desenhos delicados e sensíveis.

Arrependidas, várias são influenciadas pela moda, explica Márcio. Também há aquelas que se arrependem de marcar na pele o nome do ex-namorado, noivo e até marido. “A maioria das tatuagens não é possível remover. A solução, então, acaba sendo fazer uma maior por cima”, explica o tatuador. Existe, ainda, o procedimento a laser, mais caro e que não consegue remover algumas cores.

Uma borboleta colorida atrás do ombro foi a escolha de Luiza Cardoso, 20. Porém, sua escolha tem o toque emocional: Luiza tem fobia do inseto desde os 5 anos e decidiu enfrentar seu medo dessa forma. Ela procurou então um estúdio reconhecido, que garantisse a qualidade da sua saúde e do desenho, pagando o valor de R$ 200. “Às vezes, as pessoas fazem porque acham bonito, mas não tem certeza. Estava certa do que queria e não me arrependo”, afirma.

Atualidade - A tatuagem já não é algo associado à marginalidade, como há 20 ou 30 anos, para Márcio Ferreira, tatuador em Joinville. “A internet ajudou a propagandear a filosofia da tattoo”, argumenta. Ainda que muitos ainda pensem nela como fetiche, para ele, há um processo de transformação na opinião ocidental. Márcio acredita que até nas empresas a relação tem mudado. “Hoje não se deixa de conseguir um emprego por possuir tatuagem”, reforça. Mas também reconhece que o mercado prefere as recatadas e elas pensam sobre isso quando decidem se tatuar.

Johannes Halter


O tatuador Márcio Ferreira se
prepara para tatuar.
Há uma mesa repleta de materiais
higienizados para o trabalho.
São várias as tintas e materiais de suporte para o tatuador.
Antes de tatuar, Márcio afina o desenho.
As mãos do tatuador diferenciam a pele dos clientes.
O próprio tatuador reflete sua paixão.
Os desejos de transformação se
estendem à várias partes do corpo.
O ambiente do estúdio é personalizado
e imerso no universo artístico.
Márcio também desenha em tela e folha,
mas sua paixão é o desenho em pele.


Além das tattoos, os piercings também são
uma pedida para diferenciar o corpo.

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