domingo, 26 de junho de 2011

Alvacir Scharf, um artista na platéia


Quem vê esse senhor no dia- a -dia, como eu, não imaginaria tratar-se de um grande pintor. Alvacir Scharf tem obras no acervo do MAJ (Museu de Arte de Joinville) e no MASC (Museu de Arte de Santa Catarina), localizado em Florianópolis. O joinvilense, que atualmente mora em Araquari, vive tranquilamente como um anônimo em sua propriedade na zona rural. O estilo do pintor, avaliado pela crítica como primitivo mágico, chama a atenção pela precisão nos traços.

 O artista diz que começou a pintar aos 30 anos pois tinha um sonho e admirava muito as pinturas. “Cada pintor cria um estilo próprio para caracterizar seu trabalho. Comecei pintando uma série de mulheres que foi avaliada pela crítica e definida como pintura primitiva mágica”. Esses quadros estão no acervo do MASC. Ele usava o cotidiano como base e pintava a mulher nele. A política era um tema que ele gostava de abordar também. Em um de seus quadros, ele pintou o Palácio do Planalto e dele descia uma tenda de circo, para mostrar que achava a sede administrativa do Poder Executivo uma palhaçada.


Ele não faz contas, mas acha que já pintou em torno de 80 quadros. Alvacir era morador de Joinville, onde tinha um ateliê com suas obras. Quando mudou-se para Araquari, no sítio, diz que deixou as obras lá porque não tinha espaço na nova casa. Nesse meio tempo aconteceu algo que mudou a vida dele. Um curto circuito no ateliê acabou por queimar as mais de 60 obras do artista, que por isso acabou desanimando de pintar. “Tenho dois quadros no MAJ, que por esses dias estavam em exposição. Eles me chamaram para ir lá, se eu queria participar. Sempre me convidam e lembram do meu trabalho.”


Alvacir diz que já faz 15 anos que parou de pintar, mas cada vez que ele fala no assunto acende uma vontade de voltar a exercer a arte. “ Eu pinto algum quadro ainda, geralmente para dar de presente a alguém no aniversário ou casamento, mas para exposições eu nunca mais pintei.” O artista pintava quadros com os mais diversos temas, como “Peso da Inflação e Lamento Ecológico”. Esta última ganhou como prêmio o direito de ser cartão-postal.


 Quando começou, em 1983, fez a primeira exposição individual, que aconteceu no hall do hotel Tannenhof. “Era muito difícil participar de uma exposição porque era uma seleção muito rigorosa. A crítica era severa. Para entrar numa exposição, tinha que passar pelo curador, ou seja , o crítico. Eu tentei várias vezes e consegui entrar. Participei oito vezes da coletiva de artistas de Joinville, que naquele tempo era um glamour, muito badalado. Era o acontecimento do ano.”


Em uma conversa com Edson Machado, irmão do artista Juarez Machado e diretor do MAJ , o artista diz que chegaram a conclusão de que a arte foi banalizada. “Hoje você pega dois ou três objetos qualquer e sobrepõe e isso já é considerado arte. Os artistas que fazem um trabalho bem elaborado acabam desistindo e perdendo o interesse em expor seus quadros. Na época, existia uma boa safra de artistas em Joinville e hoje quase não tem mais ninguém.”


O artista já teve quadros expostos no Salão de Arte Paranaense e guarda até hoje, em uma pasta, recortes de tudo que saía nos jornais da época. Tem inclusive uma matéria na revista Veja citando o pintor e as obras dele. Entre alguns dos documentos que ele ainda guarda, existe cartas da historiadora e crítica de arte Aracy do Amaral, para a qual o artista enviou alguns slides que ela mostraria à uma crítica de arte francesa para que ele pudesse participar de uma exposição de arte na França, que acabou não acontecendo talvez por um pouco de falta de interesse do pintor. “Eu tinha me casado e minha mulher disse que era para eu trabalhar”-completa, aos risos.


Ele disse que vendia muitos quadros na época, mas que para poder cobrar uma boa quantia por um quadro, o artista precisa ser bem reconhecido, renomado. “Uma pessoa que compra uma obra de arte às vezes não compra porque gosta, e sim para investimento”. Ele disse ainda que as pessoas que compram obras de arte são muito influenciadas pela crítica para saber em qual artista devem investir. Quanto mais o artista é elogiado pela crítica, mais alto se tona o valor de suas obras e uma grande maioria só fica realmente conhecido depois que morre.




Mais informações a respeito do artista nos links abaixo:
Email: daia.na@hotmail.com

Por Ednéa Anastácio

2 comentários:

Daiana Miranda disse...

orgulho desse meu pai hahaha
muito boa a materia garota,parabéns!

lllll disse...

Ele é uma pessoa que merece ser lembrado. É muito importante para Joinville ter um artista desse nível.

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