A expectativa dos funcionários era grande. Nas conversas antes da fala do presidente os funcionários demonstravam que a greve estaria no fim. Embalados por músicas revolucionárias como, “Vida de Gado” de Zé Ramalho, os servidores discutiam entre si a situação. Para Marcio, servidor público a 3 anos, o desejo do coração é de manter a greve mas a razão indica que ela deve ter fim. A funcionária pública Eliane também diz que está com dois corações, mas não aceita a proposta do executivo. O motorista Renato não concorda com a proposta e culpa o prefeito pela situação. “Ele tem a caneta na mão, acho que a greve vai continuar e estou com o sindicato” afirma o servidor.
Eram quase dez horas quando o presidente subiu no caminhão de som para iniciar sua fala. Ele conduziu seu discurso com destaque para os 40 dias de greve. Conforme Ulrich o momento era de pés no chão. “Perdemos o apoio do judiciário, do legislativo e muitos companheiros vieram me falar que estariam voltando ao trabalho na segunda feira mesmo sem o fim da greve”, afirma o dirigente. Para ele a situação ficou delicada e o sindicato não poderia assumir a responsabilidade das folhas de pagamento zeradas que os servidores estavam arriscados a receber.
Outros servidores tiveram direito a fala, o doutor Eduardo discursou a favor do fim da greve. Ele destacou que voltariam ao trabalho mas que o prefeito não deveria esquecer que os servidores formam a opinião da comunidade e a categoria sai insatisfeita da negociação.
Durante os discursos o servidor Nilton pediu a palavra e disse que a greve deveria ser mantida. “Eu não entrei na greve para o prefeito resolver meu problema, não entrei para os vereadores resolverem meu problema, quem tem que resolver isso somos nós” afirmou o servidor. Para ele a categoria não deveria aceitar a proposta e deveria resistir.
O presidente colocou então a proposta em votação. “Eu vou chamar o voto de quem concorda em retornar ao local de trabalho agora?” perguntou Ulrich. A maioria decidiu então pelo retorno ao serviço. Apesar disso, cerca de 30% dos presentes rejeitaram a proposta. Com a aprovação da maioria a assembléia estava encerrada.
Em um momento de comoção dos servidores Ulrich convidou todos para cantar a música “Pra não dizer que não falei das flores” de Geraldo Vandré. Em meio a cantoria muitos servidores puxaram o refrão “Ai, ai ai Carlito nunca mais!”.
Texto e Fotos
Leandro Marcos Ferreira
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