quarta-feira, 27 de julho de 2011

Prêmio Esso ensinou a investigar “poderosos”


Pra dar medo em gente poderosa. Foi o tom da palestra de Frederico Vasconcelos, 66, repórter especial do jornal Folha de São Paulo, ouvido por estudantes e professores, no Ielusc, segunda-feira, com o tema “Como investigar empresas, governos e tribunais”.  O evento foi parte da programação da Semana Integrada de Jornalismo, a qual terá três palestras e exposição de projetos da faculdade e de acadêmicos.

Fredy, como é chamado nas redações, expôs vários meios de investigação para aquele tipo de assunto que a maioria das pessoas e jornalistas considera “espinhoso”. Com 44 anos de experiência, o pernambucano que adora “contar historinhas” falou de prefeitos, juízes, grandes empresários e governos expostos nas suas reportagens. Também deu algumas dicas de como fazer esse tipo de trabalho.

Famosas, suas reportagens sobre ações ilegais de juízes marcaram, durante seis anos, a vida pública do país com denúncias sobre casos de nepotismo, venda de sentenças, desvio de dinheiro público. Esse conteúdo serviu de base para seu livro-reportagem “Juízes no Banco dos Réus”, o qual recebeu o Prêmio Jabuti, em 2006.

Em outra investigação, usou dados públicos para averiguar prefeituras envolvidas em escândalos. Com slogans como “O Progresso não Pode Parar”, centenas de prefeitos desviaram dinheiro das prefeituras, somando cerca de um bilhão de reais. Lanchas médicas para passeio em família, livros escolares com a foto do prefeito, materiais hospitalares para aonde não havia hospital, são algumas das pérolas que encontrou.

Com um estilo sincero, ele diz não conseguir mentir ou enganar suas fontes. Considera importante demonstrar boa fé, não dar margem para situações embaraçosas e proteger as fontes que não o autorizam a mostrá-las.  O vencedor de vários prêmios jornalísticos sempre prezou por essas precauções, pois prefere tomar “um furo”, quando outro jornal dá a informação antes dele, ao invés de tomar um processo judicial.

Apesar de seus filhos dizerem que está na profissão errada, por possuir debilidades de dicção e audição, Fredy, que também toca piano nas horas vagas, recebeu, entre outros, o Prêmio Esso, o Prêmio Bovespa de Jornalismo e o Prêmio BNB de Imprensa.  Também mantém um blog com reportagens que produz periodicamente, (http://blogdofred.folha.blog.uol.com.br/), apesar de admitir preferir papel na mão, referindo-se à escrita e à aquisição de documentos que não possam ser contestados por seus investigados.

Johannes Halter
27/07/2011

0 comentários:

Postar um comentário